quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Boletim de outubro de 2015



Palestra de outubro de 2015

Os meus sinceros agradecimentos a todos que vieram reverenciar e participar da Cerimônia Mensal de setembro do Kyokai. Agradeço também a dedicação de todos aos afazeres do Caminho no dia a dia, aos trabalhos do Kyokai e também pelo empenho nas atividades deste último ano dos três anos, mil dias do Decenário de Oyassama. Muito obrigado.

Todos os anos, no mês de outubro, exatamente no dia 26, é realizado em Jiba, a Grande Cerimônia da Revelação Divina. Para nós, recebendo esta razão de Jiba, acabamos de realizar também a Grande Cerimônia do ano 178 da Revelação Divina.
A importância da celebração da Grande Festa de Outubro está em refletir novamente a intenção de Deus-Parens contida no dia original da revelação, isto é, Tsukihi revelou-se ao mundo com o único desejo de salvar todas as pessoas. Assim, devemos estabelecer este desejo de Deus no coração e, além disso, o mais importante está em praticar por toda a vida a dedicação sincera à salvação para poder ajudar o Parens na concretização do seu desejo, que é a vida plena de alegria e felicidade.
No capítulo I, do livro Vida de Oyassama tem-se:
“Eu sou o Deus original, o Deus verdadeiro. Nesta casa há uma predestinação. Desta vez, revelei-me neste mundo para salvar toda a humanidade. Desejo ter Miki como meu Sacrário.”
Estas foram as primeiras palavras proferidas por Deus-Parens através de Oyassama. Depois disso, após várias discussões entre o marido Zembee e Deus, finalmente ele concordou dizendo:
“Concedo-vos Miki”. Isso ocorreu às 8 horas da manhã do dia 26 de janeiro de 1838.
Até se chegar ao ponto de Zembee aceitar o pedido divino, tinham transcorrido três dias, em que Deus e os homens discutiram e deliberaram sobre a possibilidade de Oyassama se tornar Sacrário de Tsukihi. Foram três dias de grande tensão, preocupação e de intensas deliberações.
No decorrer desses dias, sem dúvida, o marido Zembee lembrou-se dos estranhos fatos que vieram ocorrendo desde exatamente um ano atrás.
Na Vida de Oyassama está registrado o seguinte:
“No dia 26 de outubro de 1837, o filho mais velho Shuji, então com 17 anos de idade, sentiu repentinamente uma dor na perna esquerda quando, acompanhado de sua mãe Miki, estava trabalhando no campo, no plantio de trigo, e conseguiu chegar com dificuldades em casa, fazendo do rastelo a sua bengala.”
Primeiramente, esse acontecimento deu início ao tratamento com o médico da família, mas como não obtinham resultado, aconselhados pelos amigos, fizeram a solicitação a um asceta, um rezador conhecido na redondeza, para que fizesse uma oração para os deuses, pedindo perdão. Esse tipo de reza era um costume muito comum naquela época. Após a prece, a dor na perna de Shuji passou, porém voltou após alguns dias.
Um empregado da família foi mandado novamente para ser feito a reza e a dor passou. Entretanto passados mais alguns dias, voltou novamente.
Isso se repetiu por várias vezes e finalmente a família achou melhor fazer a prece evocatória na própria residência. Isso foi feito e por quase meio ano, a dor não voltou. Passado certo tempo, veio-lhe a dor e, dessa maneira, se repetiram por nove vezes a dor e as preces no decorrer desse um ano.
Com certeza foi um ano em que se seguiram várias preocupações e aflições para toda a família.
Assim, no dia 23 de outubro, às 10 horas da noite, além de Shuji voltar a sofrer com a dor na perna, somaram-se a isso, perturbações nos olhos do pai, Zembee, e a dor nas cadeiras da mãe, Miki, ficando os três a sofrer simultaneamente.
Os familiares assustados com a situação, no dia seguinte, logo pela manhã, mandaram chamar o asceta Itibee para fazer imediatamente a prece evocatória na residência. Os preparativos foram feitos, mas a mulher que atuava como receptora das divindades durante a reza não se encontrava em sua casa e, sem alternativa Oyassama ficou em seu lugar.
Depois de algum tempo de ter iniciado a prece é que saíram da boca de Oyassama as palavras da revelação divina.
Ao pensarmos no pedido de Deus: “quero ter Miki como meu Sacrário”, em qualquer situação, não é algo que se possa aceitar prontamente. Ainda mais, porque nunca tinham ouvido falar desse Deus chamado Tenri-Ô-no-Mikoto.
É lógico que o marido Zembee tentou de todas as formas recusar o pedido divino, fazendo as mais variadas alegações, porém em nenhum momento, Deus-Parens voltou atrás. Pelo contrário, sabendo da preocupação dos familiares disse:
“É natural que agora tenham diversas preocupações, mas decorridos 20 ou 30 anos, virá o dia em que todos admirarão a verdade da minha intenção.”
Mesmo assim, responderam que:
“Nós, como seres humanos, não podemos esperar de modo algum durante 20 ou 30 anos.”
Em outros momentos, Deus foi muito severo dizendo:
“Devem agir de acordo com a intenção de Deus original. Aceitem o que Eu, Deus, lhes digo. Se ouvirem, Eu a farei salvar todas as pessoas do mundo. Se recusarem, farei com que não sobre nem o pó desta casa.”
Assim, o tempo foi passando, sem nenhum descanso tanto para Oyassama como para a família. Durante três dias e três noites, Oyassama ficou sem se alimentar ou dormir, apenas sentada sobre as pernas e segurando nas mãos o gohei, o bastão com tiras de folhas de papel, que se agitavam toda vez que revelava a vontade de Deus, com voz forte e vibrante.
A tensão e a exaustão de Miki passaram a ser evidentes e as pessoas que estavam à sua volta, começaram a se preocupar com a sua vida. Assim, o marido tomou a decisão.
Esse trecho é narrado da seguinte maneira:
“Finalmente, Zembee concluindo que, na circunstância em que se encontrava, não havia outra solução, aceitou a solicitação divina sob uma firme determinação, às 8 horas da manhã do dia 26, dizendo: concedo-vos Miki”.
Um ponto muito importante na decisão de Zembee não está apenas em ter concedido Miki para se tornar Sacrário de Deus-Parens, mas está no fato de que deixou de lado todas as cogitações humanas e renunciou a todas as conveniências da própria família. Isto é, a partir daquele momento, tudo seria feito de acordo com o desejo divino.
Refletindo sobre o estado emocional de Zembee que inicialmente ficou perplexo ao ouvir o pedido absurdo de um Deus desconhecido, depois a tensão das repetidas deliberações e posteriormente a tomada de decisão que mudou completamente a sua e a vida de toda a família.
Creio que isto tem relação com o dia original da fé de cada um e de cada família. Sabemos que são poucas as pessoas que entraram para esta fé apenas por ter escutado os ensinamentos e de saber de que se tratava do verdadeiro caminho da salvação. A maioria dos nossos antepassados e daqueles que entraram para este Caminho foi numa situação de aflição e de desespero por causa de uma doença muito grave ou de uma situação muito difícil, não tendo, naquele momento, outra maneira senão entregar tudo nas mãos de Deus-Parens.
Sem dúvida alguma, naquele momento, o único desejo era conseguir a graça da salvação da cura da doença ou da solução do problema, estando muito longe a total compreensão dos ensinamentos de Oyassama.
Entretanto, com o passar do tempo e por realmente ter recebido uma maravilhosa graça é que os nossos antepassados, sentindo gratidão, começaram pouco a pouco a se aprofundar nos ensinamentos, isto é, iniciaram o caminho da evolução espiritual. Passaram a sentir do fundo do coração a maravilhosa proteção de Deus-Parens, e se aperfeiçoaram e se aprofundaram em cultivar a verdadeira fé religiosa.
Porém, esse fato não se resume somente para aqueles que iniciaram primeiramente na fé. Os seus descendentes, isto é, os filhos e os netos, ou seja para todos que deram prosseguimento à fé herdada do antepassados, com o passar do tempo, sem dúvida alguma, puderam sentir a mesma alegria e gratidão pela imensa graça concedida por Deus-Parens em diversas oportunidades no decorrer da vida.
E é exatamente a situação que muitos de nós nos encontramos no dia de hoje. Somos da segunda ou da terceira geração nesta fé.
Sabemos perfeitamente bem que sempre nos foi ensinado para praticar a vida-modelo de Oyassama, porém às vezes cometemos o erro de tentar interpretar o ensinamento à nossa conveniência ou praticar aquilo que é mais fácil e cômodo, fugindo muitas vezes das atitudes que precisam de mais sacrifício e dedicação.
Mesmo que não recebamos orientações de Deus-Parens através de doenças ou de problemas para fazer a mudança espiritual, a atitude de se esforçar em corresponder ao desejo divino através da prática sincera do ensinamento está no acúmulo dos anos da fé de cada um. O valor e a virtude da fé de cada pessoa estão exatamente nas seguidas gerações que vieram passando por este Caminho. O acúmulo dessas virtudes são as sementes que brotarão, levando cada vez mais perto da concretização da vida plena de alegria e felicidade.
Para isso, devemos nos empenhar em limpar diariamente as poeiras espirituais, corrigindo o nosso modo de pensar e agir tomando como base o ensinamento de Oyassama. Realizar todos os dias, de manhã e de noite o Serviço Sagrado nas residências também é de suma importância.
Neste mês em que estamos comemorando os 178 anos da Revelação Divina, o aniversário da Tenrikyo, cabe a cada um de nós, fazermos uma profunda reflexão de como estamos pensando e agindo na nossa vida diária.
Como disse no início, não é somente um mês onde relembramos a data do dia original deste ensinamento, mas um momento muito significativo pelo fato de estarmos somente a um pouco mais de 100 dias para o Decenário de Oyassama, a ser celebrado no dia 26 de janeiro de 2016.
Dos mil dias determinados para o Decenário, estão faltando apenas cem, ou seja, 10%. Nesta reta final, vamos nos esforçar ao máximo, tentando cumprir as determinações espirituais.
Prometendo o meu esforço e a minha dedicação juntamente com a colaboração de todos nessa época decisiva e, dando o devido valor e significado nesse mês dos 178 anos da Revelação Divina, termino as minhas palavras.